A RECREAÇÃO TERAPÊUTICA COMO FORMA DE INTERVENÇÃO NO ÂMBITO HOSPITALAR

- Casara, A., Generosi, R. e Sgarbi, S. (2007). A recreação terapêutica como forma de intervenção no âmbito hospitalar. Revista Digital, (110). Consultado em: https://www.efdeportes.com/efd110/a-recreacao-terapeutica-no-ambito-hospitalar.htm 

Nos hospitais, os pacientes internados enfrentam muitas dificuldades, como o ambiente desconhecido, a distância da família, o convívio com pessoas estranhas, a agressão física e emocional gerada pela medicação, os procedimentos invasivos e as limitações impostas pela doença. Desta forma, a Recreação Terapêutica reúne os fatores essenciais que possibilitam o equilíbrio necessário para o desenvolvimento integral do individuo.

A Recreação Terapêutica é definida como a atitude mental de quem deixa fluir o aspeto lúdico da vida, conciliando a diversão e a terapia através de atividades dinâmicas estabelecidas consoante a necessidade de cada paciente, ou seja, como proposta terapêutica que visa a libertação da vida saudável, através da estimulação da criatividade, das manifestações de alegria, energia e vitalidade conseguidas por atividades que são percebidas como lazer por parte dos pacientes.

O prazer alcançado durante o desenvolvimento das atividades leva os pacientes a participar nas propostas recreativas, no entanto, o objetivo centra-se em promover a mudança do significado e a perceção do contexto hospitalar por parte do paciente. Esta mudança proporcionará uma estadia mais vantajosa no âmbito hospitalar, além da superação de tabus como a solidão, a saudade, a perda, a tristeza e o lugar de sofrimento que a doença e a hospitalização causam.

Atualmente, a Recreação Terapêutica deve ser acessível para todas as idades, respeitando o momento de internamento do paciente e as suas necessidades. Deve ainda possibilitar o poder de escolha do paciente, fazendo com que ele possa exercer a sua preferência. A própria recreação é também um instrumento educativo, podendo abranger aspetos como hábitos inadequados, agressividade, ansiedade, sexualidade, morte, participação e interações familiares.

As atividades de Recreação Terapêutica devem proporcionar o bem-estar, além de tornar o individuo ativo nas suas participações para que o mesmo se sinta útil e importante independentemente da patologia, ou momento de internamento. Para que o processo ocorra de forma saudável, o paciente deve ser submetido a uma estimulação organizada, adequada e acessível. Uma dessas estimulações é a ressocialização, enriquecendo o comportamento e as atitudes dos pacientes.

A Recreação Terapêutica tem um papel fundamental dentro de um hospital e os profissionais da área da saúde procuram de forma insistente uma distração para os seus pacientes. Deste modo, 79 médicos de três hospitais diferentes de Caxias do Sul foram questionados sobre a visão que apresentam da Recreação Terapêutica como instrumento para o tratamento dos pacientes.

Os resultados indicaram que 40 dos 79 médicos consideram que a Recreação Terapêutica melhora a qualidade de vida durante o internamento dos pacientes, 21 veem a recreação como um auxilio no tratamento da doença, enquanto 12 defendem que não passa de uma distração para os pacientes. Os restantes 6 médicos consideram a Recreação Terapêutica insignificante para o tratamento e recuperação dos pacientes.

Neste sentido, a Recreação Terapêutica é uma forma de estimulação que enriquece o aspeto comportamental do paciente, além de possibilitar a experienciação de respostas ao ajustamento em relação ao meio em que se encontram. Assim, os resultados esperados com esta recreação centram-se no melhoramento da qualidade de vida dos pacientes, numa maior aceitação da doença e do tratamento médico, na diminuição considerável do nível de abandono do tratamento, facilitando a integração do paciente no ambiente hospitalar e numa melhor readaptação ao meio social de origem.