WILDERNESS AND PERSONS WITH DISABILITIES - TRANSFERRING THE BENEFITS TO EVERYDAY LIFE
- McAvoy, L., Holman, T., Goldenberg, M.& Klenosky, D. (2006). Wilderness and Persons with Disabilities - transferring the benefits to everyday life. International Journal of Wilderness.12 (2), 23-35 Consultado em: https://pdfs.semanticscholar.org/e91b/18e00a4df8c464fed98ba56d26bba0d68d1f.pdf
Os benefícios pessoais que as pessoas, em geral, ganham com as atividades na natureza/ao ar livre e com o próprio contato com a natureza, podem ser observados em vários estudos. Ter uma incapacidade ou uma necessidade especial, não faz com que a pessoa não possa visitar estas atividades. De fato, estudos feitos neste âmbito têm vindo mostrar que pessoas com alguma deficiência, têm procurado e participado em atividades de recreação ao ar livre, tipicamente associadas com o "Wilderness".
Desta forma, o objetivo deste estudo focou-se em tentar demonstrar quais os benefícios que as pessoas com deficiência têm, ao participar em diferentes experiências de atividades na natureza.
Uma grande pesquisa realizada por Cordell (1999) - a National Survey on Recreation and the Environment (NSRE), incluiu 1.252 pessoas com deficiência, veio mostrar que um grande número destes indivíduos, participam num grande leque de atividades de recreação ao ar livre, incluindo: caminhadas, atividades familiares, passeios, piqueniques, pesca, observação de pássaros, camping, caminhadas, passeios de barco e caça. McCormick (2001) foi um pouco mais além e, com base no estudo anterior, concluiu que a participação de pessoas com deficiência nas atividades de recreação ao ar livre era igual, ou até mesmo superior, à das pessoas sem qualquer tipo de deficiência.
Na mesma linha de pensamento, Lais et ai. (1992) efetuou um estudo, onde questionou 80 pessoas com algum tipo de deficiência sobre quais os motivos ou a sua motivação de irem para a natureza, leia-se wilderness. Assim, a maioria das respostas obtidas foram semelhantes às de outros indivíduos sem qualquer problemática associada, onde se destacam 3 motivos: 1) experienciar a beleza natural/cenário, 2) experienciar a natureza nas suas próprias condições, i.e., no seu contexto natural e 3) como forma de desafio pessoal.
É também interessante percebermos que a maioria das pessoas com deficiência que realiza este tipo de atividades, afirma não querer mudar o ambiente, de forma a torna-lo mais acessível. Efetivamente, Lais et al. (1992), no seu estudo, viu que 76% dos indivíduos desta população, não acreditavam que as restrições mecânicas utilizadas diminuíssem a sua capacidade de explorar e de usufruir o ambiente em redor.
Deste modo, o estudo em análise, centrou-se em indivíduos que tinham participado em programas de experiências com atividades na natureza, realizadas pela Wilderness Inquiry, Inc. (WI), uma organização sem fins lucrativos que oferece várias experiências para pessoas com e sem deficiências.
Tendo em conta, que a água é o meio mais acessível para as pessoas com deficiência, a maioria destes programas da WI encontram-se relacionadas à água (isto é, envolvem o uso de canoas, caiaques).
Assim, todos os participantes (272) destes programas com idade superior a 18 foram convidados a participar no estudo. Os questionários pós-viagem foram distribuídos aos participantes diretamente no local, após a conclusão da sua "wilderness trip". Neste questionário os indivíduos foram convidados a dizer quais os três resultados mais importantes relativos à sua experiência durante a viagem, bem como justificar as suas respostas e enunciar em que parte do programa é que ocorreu algo de diferente, que os levou a escolher aquele resultado.
Os conceitos gerados nestes questionários, onde se encontram os atributos, as consequências e valores dos participantes, e a forma como estes estão ligados entre si, foram inseridos num programa de análise de dados chamado Ladder Map (Gengler e Reynolds 1995).
Posteriormente a isto, foram ainda contatados, seis meses depois, 30 indivíduos, para uma entrevista por telefone, com o intuito de perceber qual o transfer das atividades realizadas durante o programa, para a vida pessoal da pessoa.
De uma forma mais geral é possível afirmar, através do estudo elaborado, que as pessoas com deficiência usufruem e beneficiam bastante, em diversas áreas, dos programas e das atividades na natureza. Outro aspeto que também é importante salientar, é o fato dos resultados obtidos terem um efeito duradouro.
Desta forma, a maioria dos participantes deste estudo, afirma que é possível fazer o transfer de capacidades e competências adquiridas nestas experiências com a natureza, para a sua vida diária, quer a nível pessoal, profissional ou familiar.