DIRETRIZES PARA PROJETOS DE PARQUES INFANTIS PÚBLICOS

12-11-2016

- Borges, M. (2008). Diretrizes para Projetos de Parques Infantis Públicos. Universidade federal de santa catarina - ufsc. Florianópolis. Consultado em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/90896 

Brincar é mais do que passar tempo, é a forma de interagir com o mundo e com as pessoas que envolvem a criança. É através do brincar que esta explora, satisfaz as suas curiosidades, constrói conhecimentos e soluciona problemas. Os espaços destinados às crianças devem estimulá-las para que estas cresçam num ambiente saudável, com os recursos necessários para lhes oferecer oportunidades de habitação, saúde, educação e o próprio brincar (Borges, 2008).

O parque infantil público é um equipamento urbano, com o objetivo de promover atividades de recreação, especialmente direcionadas ao público infantil (Borges, 2008). A industrialização e o crescimento urbano originaram a reconquista da presença do tempo de lazer na vida do homem urbano e a criação de espaços destinados para este fim. Contudo, no século XX os espaços na rua destinados ao brincar foram ocupados por automóveis e prédios, logo, tornou-se necessário criar espaços exclusivos para o lazer infantil. O parque infantil público pode ser um dos principais locais onde a criança encontra oportunidade para se relacionar com outras crianças, promovendo a interação entre pessoas de diferentes classes sociais, etnias e crenças, ajudando, igualmente, a constituir na criança o conceito de cidadania (Borges, 2008).

A atividade lúdica é a manifestação de uma necessidade não apenas social, mas de natureza biológica e que aparece em todas as faixas etárias da idade. O jogo tem a função de escoamento de energia e manifesta-se de forma ativa e diversificada, contudo, ao longo da vida, os jogos diminuem a sua variedade e assumem formas mais sedentárias. Com o jogo é possível abandonar, esquecer por um momento as atividades enfadonhas do quotidiano (Borges, 2008).

A cultura surge sob a forma de jogo e a tendência lúdica do ser humano vai desde o jogo primitivo das crianças até aos jogos sociais, como as atividades desportivas e as manifestações artísticas (Borges, 2008).

No jogo, existe a liberdade da criação e de possibilidades, como as regras, sejam estas criadas pelo próprio jogador ou criadas pela própria cultura. A atividade lúdica é incerta como a criatividade e a liberdade, pois não há obrigações, determinações nem pressões na própria atividade, no entanto, o jogo é auto-regulado, organizado e não caótico (Borges, 2008).

Para a criança toda a ação é jogo e é através dele que cresce a sua imaginação e inteligência. Não se pode imaginar a infância sem brincadeira, risos, gritos, corridas, pois estas componentes desenvolvem não apenas o crescimento físico, mas o crescimento e desenvolvimento das capacidades intelectuais e emocionais que treinam as funções psicológicas e psíquicas (Borges, 2008).

O jogo é o ponto integrador entres os aspetos motores, cognitivos, afetivos e sociais da criança. Para a criança o jogo permite ordenar, reproduzir e recriar o mundo à sua volta incorporando as suas crenças e valores. Ao brincar a criança supera frustrações, tensões, obrigações da realidade, distrai-se, diverte-se, investiga, cria, evolui, cresce e integra-se (Borges, 2008).

A atividade Lúdica tem três funções, a do descanso, do divertimento e do desenvolvimento, sendo que cada uma delas corresponde a três aspetos da vida, a fadiga, o tédio e o automatismo. A atividade lúdica também possibilita o equilíbrio entre o mundo interno e o externo do homem, e através da sua função terapêutica e corretiva é possível o indivíduo encontrar solução para as suas problemáticas (Borges, 2008).

As atividades lúdicas, segundo Piaget, dividem-se em três etapas, sendo cada uma delas correspondente a uma das fases do desenvolvimento mental e seguem uma ordem cronológica de acordo com o crescimento da criança. Estas etapas não se estagnam, continuam durante toda a vida, assumindo diferentes formas. Estas são, os jogos de exercícios simples ou sensório - motores, os jogos simbólicos, de ficção, imaginação e imitação e os jogos de regras (Borges, 2008).

Com a industrialização, o conceito lazer retoma a sua força e dá ao cidadão o direito de dispor de um tempo para si. O lazer é assim definido como um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se ou onde pode ter uma participação social voluntária ou pode livrar-se das suas obrigações profissionais, sociais e familiares. Assim, a partir da valorização do lazer nas classes operárias e da necessidade de criação de espaços para este fim, a Inglaterra é um dos países que investe numa grande reformulação dos seus parques, até então elitizados, e na criação de novos conceitos de parques (Borges, 2008).

Os espaços públicos abertos, as ruas e calçadas são os primeiros lugares a serem vivenciados pela criança após o ambiente de casa. A rua, antigo lugar de relações sociais e brincadeiras, tornou-se um local de uso prioritário dos carros, tornando-se perigosa, agressiva e nada atraente para as pessoas. Outra questão que inibe o uso não só das ruas, mas de todos os espaços públicos é a falta de segurança (Borges, 2008).

Há diferentes maneiras de viver na cidade e a maior diferença entre estas vivências está no grau de socialização no espaço urbano. Alguns autores classificam como havendo 3 tipos básicos de vivência infantil na cidade, as crianças que moram em áreas urbanizadas e utilizam a rua apenas para circulação, as crianças que moram em bairros residenciais e que caminham pela rua e as crianças que moram nas favelas e nas ruas (Borges, 2008).

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