OS IDOSOS E AS ATIVIDADES DE LAZER
- Martins, R. (s.d.). Os Idosos e as Atividades de Lazer. Centro de Estudos em Educação, Tecnologias e Saúde, 243-251. Consultado em https://www.ipv.pt/millenium/Millenium38/16.pdf
O artigo refere que as atividades de lazer são formas de ocupar os tempos livres, onde o Homem desfruta os prazeres da vida, a tranquilidade e o descanso (Diaz, 2009). Desta forma, o conceito de lazer é o conjunto de atividades que têm como fim o repouso e a diversão, sendo uma iniciativa voluntária e libertadora, assim como livre de obrigações profissionais, familiares ou sociais, ou seja, é uma atividade cujos valores proporcionam condições de recuperação psicossomática e de desenvolvimento pessoal e social (Dumazedier, 1997 & Requixa cit in Diaz, 2010).
O lazer é um leque de práticas de desfruto do tempo disponível ou no trabalho, tendo como objetivo o descanso, o divertimento e o desenvolvimento da personalidade e da sociabilidade, onde o idoso se empenha de livre e espontânea vontade, dando-lhe prazer, contribuindo assim para o desenvolvimento pessoal. Com isto, é necessário haver ações que estimulem e beneficiem os idosos, focando-se na promoção da cidadania na terceira idade, proporcionando assim uma fase final da vida bem-sucedida.
No presente estudo é utilizada uma metodologia mista (quantitativa e qualitativa), que segundo Lobiondo-Wood e Habber (2001) é um método onde se consegue obter um maior rigor dos dados. Na experiência é usada a fórmula de cálculo de amostras sugerida por Gil (1995), onde o resultado final é constituído por 673 idosos, com uma média de idades de 77 anos, repartidos com a mesma percentagem relativamente aos géneros, dos quais 337 estão institucionalizados (Grupo INST), e 336 residem no seu próprio domicílio ou de familiares (grupo DOM), em que os requisitos são ter idade superior a 65 anos e conseguir articular um discurso fluente e conciso no decorrer de uma entrevista.
A metodologia utilizada foi o "Índice de Atividades de Lazer", que analisa o modo como os idosos ocupam os seus tempos livres, cotando com 0 as atividades que praticam pouco ou nada, e 4 as que praticam muito, sendo que os valores do índice podiam varia entre 0 e 36 pontos, com o intuito de classificar a prática dos tempos livres.
Segundo a DGS (1995), a falta de atividade lúdica é um fator de diminuição da qualidade de vida na terceira idade, sendo assim analisou-se a forma como se distribuíam os idosos pelas diferentes atividades. A maioria pouco ou nada lê, visto que muitos são analfabetos; o ver televisão é uma das atividades preferenciais, principalmente nos indivíduos institucionalizados; no que respeita a ouvir música, esta é uma atividade pouco explorada, no entanto no passear constata-se exatamente o contrário. A jardinagem e a horticultura são atividades pouco praticadas, sendo que os poucos que as praticam se inserem no grupo DOM. Enquanto fazer tricot é uma atividade puramente feminina, o jogar às cartas observou-se maioritariamente no género masculino. Por fim, conversar com amigos é o ex-libris das preferências dos idosos.
De acordo com investigações anteriores, constata-se que ver televisão e conversar com amigos são atividades preferenciais dos idosos na ocupação dos seus tempos livres.
A análise dos valores globais do índice de lazer mostra que estes oscilaram entre o mínimo de 6 e o máximo 36, com uma média de 21,50. Com isto, verifica-se uma correlação entre a qualidade de vida dos idosos e das atividades de lazer, constituindo-se assim como variáveis preditoras do bem-estar de ambos os grupos.
A vida social da população idosa tem sido estudada através de atividades de lazer, sendo estas consideradas preditivas para a qualidade de vida dos idosos, desta forma as atividades que os idosos mais realizam devem-se ao fato de serem compatíveis com as suas condições físicas, psicológicas e ambientais.
Concluindo, observa-se no estudo uma maior prática de atividades de lazer no grupo institucionalizado em relação ao grupo domiciliário, devido provavelmente há existência de programas específicos realizados nas instituições, assim destaca-se a necessidade do lazer nesta fase da vida, com vista à manutenção dos seus interesses ocupacionais e ao aumento das atividades recreativas, com o objetivo de ocupar o tempo e tornar os últimos anos de vida satisfatórios e produtivos.