WHAT IS WILDERNESS THERAPHY?

19-11-2016


- Russell, K. (2001). What is Wilderness Theraphy?. The Journal of Experiential Education. 24 (2), 70-79 

O artigo começa por salientar que não existe uma definição unânime sobre a "Wilderness Therapy" (Terapia Wilderness), pondo em causa não só a problemática da sua intervenção, como dos seus benefícios.

O autor deste artigo tem como objetivo comparar as várias definições existentes, assim como propor uma definição que vá ao encontro da essência da terapia, através do diálogo entre os terapeutas, os profissionais e os investigadores. Deste modo, uma definição consensual irá facilitar a criação de programas sustentados (Janofsky, 2001).

A Terapia Wilderness tem sido definida e caraterizada de diferentes formas, sendo vista como reabilitativa e baseada em experiencias ao ar livre, ou seja, em cursos com desafios e aventura, daí esta ser muitas vezes comparada nos media e na televisão com os programas de experiencias selvagens (WEP's), como por exemplo os bootcamps.

Desta forma, o autor coloca uma pergunta que posteriormente dá a resposta: O que distingue as WEP's da Wilderness Therapy? Para isso passa por uma perspetiva histórica das definições desta terapia, sendo que depois diferencia e compara os elementos das WEP's com a terapia em estudo.

Este processo terapêutico apareceu como alternativa aos recursos utilizados nos anos 60 e 70, de modo a intervir em jovens delinquentes. A sua primeira definição foi proposta por Kimball e Bacon (1993), sendo suportada pelo modelo Outward Bound e inspirada no programa educacional alemão "Hahnian". Para Kimball e Bacon (1993), as atividades e os processos de abordagem terapêutica tinham de ser em grupo, promoviam desafios de diferentes graus de dificuldade, eram realizadas em ambientes selvagens ou não familiares, usavam técnicas terapêuticas de reflexão, escrita de diário e retiros e as atividades variavam consoante a idade e o tipo de população. Estes dois autores defendiam que a terapia poderia ser aplicada por um professor com habilidades e capacidades no meio selvagem.

Powch (1994) baseava-se também nos dois modelos que os autores anteriores se sustentavam, mas tinha a particularidade de ter como grupo alvo uma população do género feminino. Este discordava dos autores anteriores afirmando que esta terapia apenas poderia ocorrer em meios selvagens, sendo este o elemento chave da intervenção. Com isto, Powch (1994) defendia que as componentes desta terapia eram confrontar os medos e realizar exercícios de confiança em grupo.

Davis Berman e Berman (1994), consideravam importante referir o modelo Outward Bound, não fazendo referência específica a nenhuma abordagem terapêutica, pois esta deveria ser baseada no grupo em tratamento. A intervenção não tem de ser em ambiente selvagem, basta que envolva a natureza, ou seja, realizada ao ar livre. Para estes autores, os elementos chave desta terapia eram a seleção cuidadosa baseada em avaliações clinicas, avaliação de programas de tratamento individual, atividades desenvolvidas no exterior com supervisão de um líder treinado, atividades com enfoque no comportamento dos participantes e o grupo ser acompanhado por psicoterapeutas. Segundo estes, esta terapia não tem de ser realizada por indivíduos licenciados, mas têm de ter pratica "selvagem" e uma licença na área da saúde mental.

Em abordagens mais recentes, Crisp (1997) defende que os paradigmas da "Wilderness Therapy" incluem uma terapia genérica em grupo e modelos sistemáticos de grupo assim como modelos comportamentais interpessoais e psicoterapia grupal aplicada a atividades em meio selvagem. A terapia está dividida em dois formatos de intervenção, sendo eles o acampamento em ambientes selvagens isolados e com poucos recursos e expedições em grupo. O autor refere que não é preciso um staff especializado, porém é importante possuir supervisão clínica.

Com estas anteriores definições, o autor do artigo integra esta terapia num tratamento para jovens problemáticos, sendo que ela se divide em três componentes: a parte teórica, a parte prática e os resultados esperados.

Na segunda parte do artigo o autor compara e diferencia as caraterísticas únicas da "Wilderness Therapy" e as caraterísticas comuns desta com as WEP's.

Define assim a terapia Wilderness como um programa que tem de ter uma licença estatal, tem de ser supervisionado por licenciados em saúde mental, tem de envolve a família de modo a entender a problemática e os objetivos a que esta se propõe, tem de ter membros especializados em áreas terapêuticas, os clientes tem check-ups rotineiros e o seu bem estar é constantemente monitorizado, o resultado do tratamento é avaliado formalmente e os terapeutas trabalham em simultâneo com a família com o objetivo de assegurar a continuidade dos progressos alcançados no decurso desta terapia.

As caraterísticas comuns com as WEP's são o uso de ambientes exteriores não familiares que ajudam o cliente a abandonar a família por uma experiência única, o uso de atividades de aventura e a vivencia em meio selvagem são desafios e experiências que facilitam a aprendizagem de objetivos específicos. Ambos ocorrem em grupo para proporcionar um melhor processo de aprendizagem e têm atividades de reflexão para ajudar o cliente a processar a aprendizagem obtida com esta experiência.

Concluindo, Jenkins (2000) e Krakeur (1995) criticam duramente o programa da Terapia Wilderness, pois consideram-na um bootcamp, na qual o comportamento delinquente dos adolescentes são corrigidos, destruindo-os e voltando a moldar corretamente os seus comportamentos.

Por outro lado, outros autores apresentam definições diferentes, as quais estão referidas anteriormente. Deste modo esta terapia é ainda vista pelos profissionais de saúde mental com grande apreensão devido à abordagem de tratamento ser pouco definida e inconstante. Recentemente, têm vindo a emergir novos elementos-chave que não constavam em definições passadas, que suportam e integram uma diferenciação que estava em falta. Assim, o principal objetivo é continuar a melhorar os cuidados e o acesso ao tratamento, a eficiência da terapia e dar a conhecer a mesma a todos os que possam necessitar desta intervenção, daí a necessidade do autor em tentar formular uma definição consensual e fundamentada da terapia Wilderness.

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